do Blog Perturbando o Status Quo de Leiliane Rebouças
GDF QUER ACABAR COM O TOMBAMENTO E TÍTULO DE PATRIMÔNIO MUNDIAL DE BRASÍLIA
Posição atual do governo do DF com relação à Brasilia Tombada.
Carlos Magalhães IPHAN – PRESERVAÇÃO – PALÁCIO DO BURITI
A reunião foi marcada pelo chefe da Casa Civil, no Palácio do Buriti às 17 horas do dia 6 de março, para tratar da ligação entre o setor hoteleiro Norte e Cultural.
Para a cidade e para o Conjunto Nacional a ligação é importante porque vai resolver um problema antigo, já detectado faz tempo, pelo Dr. Lucio Costa, permitindo a passagem segura de pedestres que dos hotéis se dirigem ao setor Cultual Norte. Além disso dobra-se o número de vagas admitidas no estacionamento público. Hoje são 500. Concluído o projeto serão 1.000. Ganha a cidade e evidentemente o Conjunto Nacional com o seu comércio.
Participavam da reunião os representantes do Conjunto Nacional, o chefe da Casa Civil, Dr. Swedenberger, e os autores do projeto já examinado pelo IPHAN.
Lá pelas tantas a autoridade do chefe da Casa Civil, sem qualquer razão compreensível, se apresenta, completa e sem rodeios, atropelando a conversa.
Foi quando falávamos sobre a posição do IPHAN com relação à outra proposta referente ao urbanismo da cidade. O homem foi duro: “Resolvo na conversa ou na porrada”, e citou uma discussão que teve com a autoridade federal sobre os acessos ao Eixo Rodoviário Norte.
Em outro momento naquele fim de tarde o “chefe” foi ainda mais duro e autoritário:
“Para o nosso governo a preservação do Plano Piloto não tem tanta importância. Se for o caso, comunicamos à UNESCO a decisão de retirar Brasilia da relação das cidades que constituem o Patrimônio Cultural da Humanidade.”
Invocamos a questão cultural que envolve a preservação de Brasilia, e que certamente será colocada quando o Governo Federal tomar tal decisão.
O chefe da Casa Civil, insensível, nos disse que já tinha conversado com a Ministra da Cultura, Martha Suplicy, que na sua avaliação tem grande experiência administrativa e saberá encaminhar a questão junto à UNESCO.
Finalmente, diante do nosso espanto afirmou com a certeza dos poderosos, que a UNESCO, envolvida com falta de recursos e com outros problemas mais sérios, num outro momento, voltará a procurar o governo do DF com mais humildade.
Fiquei perplexo diante da demonstração de insensibilidade, desrespeito e desprezo pela cidade que representa tanto para o Brasil que temos a obrigação de preservar.
O projeto da cidade de Brasília, para quem não sabe foi resultado de concurso público, escolhido por júri internacional, tem tanta qualidade que ainda muito jovem foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Carlos Magalhães – Arquiteto
Mas eu acho que é aí que entra a OAB: entrar com um processo contra o GDF, chefe da Casa Civil na justiça ou no Supremo…..
Prezadíssima Celia, queremos iniciar esse tipo de conversa com a OAB. Realmente é uma instituição muito importante que pode contribuir muito, juntamente com o Ministério Público, na salvaguarda da cidade. Grande abraço!
Por mais que queira o GDF não vai conseguir dar fim ao tombamento e o Título da UNESCO, porque existe o tombamento federal. Uma garantia que o Zé Aparecido conseguiu e ninguém tira, quero ver…
Oi Silvio, há essa “segurança” mas a cada dia mais o tombamento vem sendo questionado, e com esse novo capítulo de um questionamento oficial a situação torna-se realmente muito preocupante.
Muitas melhorias precisam ser feitas em Brasília e esse tombamento atrapalha muitos projetos bons.
Oi Rita! Temos ouvido muitas coisas sobre o que o tombamento atrapalha e 95% das colocações são equívocos. Já ouvimos desde que o tombamento faz com que as calçadas sejam quebradas, ou postes enferrujados, até que o transporte coletivo é ruim por causa do tombamento. Nada disso faz sentido e é até engraçado, mas se trata de um desconhecimento das pessoas sobre o que seja o tombamento. Você poderia dar um exemplo para ver se conseguimos trocar ideias sobre sua colocação? Grande abraço
Negativo!
O IPHAN extrapola suas atribuições ao interferir em questões que não estão “tombadas”, burocratiza o processo de incorporação imobiliária e colabora para uma crescente insegurança jurídica.
Esse órgão não é representado por arquitetos e urbanistas com prática profissional relevante, mas sim por um grupo de teóricos que desconhece a realidade dos projetos.
É preconceituoso e parte da premissa de que toda e qualquer obra promovida pelas construtoras e incorporadoras de Brasília é prejudicial à cidade.
Tombamento SIM. Burocratização e incompetência do IPHAN NÃO!
Prezado Patrick. A atuação do Iphan na defesa da preservação da cidade naturalmente traz conflitos de interesses. O mercado imobiliário costuma avançar ao máximo sobre os limites legais estabelecidos e por vezes pode sim cometer abusos. As análises do Iphan são abrangentes e incluem a verificação de atendimento de toda a normativa legal urbanística da cidade como as NGBs o Código de Edificações e legislações complementares como a que regulamenta a utilização de subsolos. O desrespeito a essa legislação implica em desrespeito ao tombamento. Desmerecer a prática profissional dos arquitetos que trabalham no Iphan não é o caminho e acreditamos que as decisões tomadas pelo órgão sejam respaldadas por documentos e análises técnicas. Somos da opinião de que o Iphan deve ser valorizado e seu corpo técnico deva ser ampliado e capacitado para exercer suas funções de forma cada vez mais efetiva.
Esse tombamento SALVA um projeto que já é muito bom; quanto as melhorias, garanto que a maioria delas pode ser resolvida sem infringir o tombamento.
Sim Juliano, simples assim. Abs!
Atrapalha o transporte público sim o VLT é o melhor exemplo atualmente
Prezado Kaio, o projeto do VLT apresentava problemas muito sérios de concepção, projeto e (falta) de detalhamento. As obras foram suspensas para que falhas apontadas pelo Iphan e pelo MPDFT fossem sanadas, no entanto o GDF não foi capaz de se articular para saná-las. A implantação do VLT não foi impedida por questões de tombamento, mas por questões de problemas estruturais de projeto que se levados a termos resultariam em graves problemas viários na região da via W3 Sul.
Eu acho uma tremenda babaquice esse título da unesco. Brasília já perdeu seu controle populacional a muito tempo. Não adianta querer colocar um elefante dentro de um fusca. Brasilia não comporta sua população atual e são necessárias mudanças urgentes. Não só a recuperação, mas ampliação de pontos críticos como a rodoviária, W3 e outros setores. Brasília não foi planejada para comportar a população atual e o projeto precisa sim de mudanças e precisa crescer junto com sua população. Quero saber quem lembra de título da UNESCO enquanto, naquele sol escaldante de meio dia, encara um engarrafamento quilométrico no Eixo monumental, ou passando horas rodando que nem barata tonta atrás de uma vaga no Setor comercial. Ou até mesmo voltando pra casa depois de um dia cansativo e tendo que encarar a cidade completamente parada desde a Esplanada até as satélites. ACORDA MEU POVO!!!Deixem os títulos e preciosismos àqueles que têm como arcar com isso!!!!!
Olá Brasiliense, entendemos sua insatisfação com essas questões. Mas te garantimos que a quase totalidade disso não tem relação com o tombamento mas sim com a má gestão da cidade. A cidade sofre com o excesso de veículos pela inexistência de um transporte público que integre ônibus (de preferência elétrico), micro-ônibus, metrô e ciclovias e que dê a Brasília opção eficiente para que não seja obrigatório o uso do veículo particular. Pelo que entendemos de sua colocação, o tombamento limita a expansão da cidade, o aumento da ocupação, mas um “libera geral” iria piorar muito as condições da cidade, concorda? Brasília virar uma Águas Claras seria solução para algo? Acreditamos que não. Perder o tombamento ou o título da Unesco não terminaria com engarrafamentos ou algo do tipo. Não é por aí. Criação de estacionamentos e alargamentos de vias não são impedidos pelo tombamento, mas também não resolve qualquer problema, isso é o famoso “enxugar gelo”. O caos no trânsito definitivamente nada tem a ver com o tombamento.
Diferentemente das reais ciclovias, como a da cidade do Rio, em Brasília usam-se acostamentos e algumas faixas como na esplanada, o tombamento tem sim seus empecilhos para com a cidade e população, aumento de engarrafamentos e nenhum tipo de segurança para o ciclista
Prezado Kaio, de que acostamentos você está falando? Das ciclofaixas do Lago Sul? O Lago Sul não é tombado, e a solução ali adotada – que consideramos improvisada e perigosa – nada tem a ver com o tombamento. Diferentemente de sua colocação, as ciclovias do Plano Piloto estão sendo feitas desde 2012, rasgando as áreas verdes das Superquadras, de forma precipitada e mal executada. Passados no mínimo 6 meses de sua execução permanecem sem qualquer sinalização e se tornaram em calçadões onde a presença de ciclistas é vista com reprovação.
Essa idéia de que o tombamento da cidade atrapalha é exatamente o que autoridades incompetentes e as construtoras, predadoras da qualidade de vida, desejam incutir na cabeça dos moradores do DF. Nem mesmo Roriz e sua corja se mostraram tão vorazes na iniciativa de dilapidar o patrimônio cultural de Brasília.E este que prometeu ser uma alternativa,”um novo caminho” aos desmandos que ocorriam por aqui está decepcionado cada vez mais. Governantes que gerem sítios tombados(sejam eles Brasília,Ouro Preto,Jerusalém…),deveriam responder criminalmente por iniciativas que corroborem para a perda de tal título que só enaltece a genialidade dos povos que representam.
David, é isso mesmo. O que é motivo de orgulho em qualquer cidade ou nação aqui é martelado como um problema. Há uma campanha em curso desde o primeiro dia do tombamento, dos que se viram prejudicados em seus lucrativos planos em relação à exploração irresponsável da cidade. Uma pena perceber que grande parte da população por ingenuidade e desinformação tem se deixado levar por isso tudo e acaba virando massa de manobra desses interesses. Realmente tem sido extremamente decepcionante presenciar o que estão fazendo com a cidade e o DF. Ficamos numa torcida imensa para que uma liderança idônea e comprometida com o interesse público surja em nosso DF.
O IPHAN, assim como o restante das instituições culturais, está em total abandono, e ao que tudo indica, a intenção é esta mesmo! A maioria dos servidores está se aposentando, ou buscando outros postos de trabalho, em função dos péssimos salários. Não há qualquer atrativo à carreira. Aliás, importa dizer que nem carreira somos! Logo, não há reposição dos quadros funcionais!
O que se espera, afinal, com o desmonte das instituições públicas? O que se pretende com a iminente extinção do IPHAN… cuja missão seria exatamente proteger o nosso Patrimônio? Pois é este mesmo o prognóstico: a extinção! Não há instituição pública sem servidores, tampouco políticas públicas acontecem senão pelas mãos destes profissionais!
Não é possível permanecermos passivos diante de um Governo cuja arrogância é tamanha, que entende que pode desconsiderar o Patrimônio, que é do povo brasileiro!
Ninguém aqui é contrário ao desenvolvimento do País! De forma alguma! Ocorre que desenvolvimento e preservação do patrimônio não são excludentes! É possível promovermos o desenvolvimento, sem depredar o País. Mas não será nos cercando de imbecis como este sr. Swedenberger que chegaremos a algum lugar, senão ao caos… penso eu!
Enfim! Nós, servidores do IPHAN, estamos morrendo estrangulados, assistindo a disparates como este pipocando aqui e ali (Aterro do Flamengo, Maracanã, Plano Piloto…) e sem força alguma pra reagir.
A população precisa se levantar, porque no pé em que estamos e vamos, a nossa identidade tem seus dias contados!
É lamentável!
Prezada Andrea, somos totalmente solidários à situação do IPHAN! Esse órgão deveria ser uma das prioridades de um governo sério preocupado realmente com a cultura e com os valores nacionais. Devia ter uma estrutura impecável, um plano de carreira de primeira linha. É uma pena estar nessa situação que você descreve. É MUITO IMPORTANTE que a sociedade tome conhecimento do que ocorre com vocês e propomos disponibilizar nossa estrutura de divulgação (site, blog, facebook, twitter) para denunciar o que está acontecendo, para ao menos frear esse processo de desmantelamento. O IPHAN tem que ser resgatado e queremos ajudar nessa tarefa. Grande abraço e força!
Só temos mesmo a agradecer pela força! Vou reproduzir a resposta de vocês às minhas colocações, certa de que aceitaremos a ajuda, e de muito bom grado!
Grande abraço!
Temos que unir forças em prol da cidade, porque os que não tem interesse nisso estão extremamente organizados. Podem contar conosco. Mandamos e-mail para você.
Respeito sua opnião mas nem Oscar Niemeyer era a favor do tombamento…Segue o link informando isso:
http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/12/05/oscar-niemeyer-condenou-tombamento-de-brasilia-e-pobreza-das-cidades-satelites
Prezado “Arquiteto”, Niemeyer foi uma pessoa muito importante para o Brasil, mas essa declaração se deveu à decepção por ter sido impedido de construir a Praça da Soberania:
“Durante essa polêmica, Niemeyer não só defendeu a construção da tal praça como afirmou que o tombamento de Brasília “era uma besteira”. Argumentou que todas as principais cidades do mundo sofrem modificações ao longo do tempo.”
A manifestação vinculando tombamento a impedimento de modificações demonstra que ele não entendeu muito bem o que era o tombamento. Uma pena. Modificações podem ser feitas contanto que com bom senso, boa fé e idoneidade. Infelizmente são coisas que não estamos percebendo na cidade atualmente.Paris é o que é hoje por ter sido preservada após a grande intervenção do Plano Haussman. O tombamento de Brasília preserva características básicas e vincular o tombamento a um engessamento, repetimos, é um erro grosseiro. Pior ainda vincular a segregação espacial ao tombamento.
É lamentável que Niemeyer tenha deixado em um de seus momentos de ira essas palavras tão embaraçosas… eu não as levaria em consideração…
É por aí mesmo Karina…infelizmente esse tipo de manifestação equivocada é usada pelas pessoas que são contra a proteção da cidade, ainda que mal entendam do que se trata o tombamento.
Convido todos para debater essa e outras questões também na Superintendência do Iphan. Apenas me indiquem a data.
Prezado Soneca, agradecemos o convite e vamos nos organizar para esse encontro! Grande abraço
Concordo com a plataforma atras dos Setores de Diversão. Estava prevista a ligação entre os Setores Hoteleiros e de Diversão por Lucio Costa. Questiono porque apenas no SDN e nao no SDS também. Dependendo do projeto, pode ser uma grande melhoria para nossa cidade.
Sim Marcelo, também concordamos, esse projeto foi citado no post para contextualizar a reunião onde as barbaridades foram ditas sem o menor pudor. Poderia sim ter a mesma solução no SDN, apesar de que a configuração do SDS é muito diferente e não haveria a fluidez de circulação/acesso que se tem no SDN.
Sinceramente fico abismada com tanta ignorancia a respeito do assunto tombamento de Brasilia. Engarrafamentos, transporte público deficiente, falta de estacionamento, rodoviaria do plano um caos total, não tem nada haver com a preservação do plano piloto. O governo só visa o ganho financeiro com o crescimento de Brasília, sem se preocupar com a qualidade de vida de seus habitantes. Com o crescimento do entorno desordenado sem planejamento se estabeleceu o caos em todos os sentidos. Seria mais simples ter investido em planejamento, transporte público, segurança, atendimento hospitalar e escolas. Esqueci que isso não da voto, tem que existir grandes obras para o povo pensar que algo esta sendo feito de verdade, fora os milhões desviados para os bolsos deles. Na verdade falta vergonha na cara deste políticos que foram eleitos pelo povo para represeta-los e agem como se estivesse fazendo um favor para a população. Acorda meu povo, somos nós que pagamos os (alto) salarios deles!
Olá Majô, é realmente muito preocupante quando nos deparamos com o grau de desinformação geral da população, mas ao mesmo tempo é importante termos contato com a opinião pública para real noção do que acontece fora do meio especializado. As pessoas vinculam as mazelas e os problemas do Plano Piloto e do restante do DF com o tombamento. Virou lugar comum que é estimulado pelo lobby que não quer uma cidade preservada com limites para expansão, vinculando o tombamento com engessamento, atraso, congelamento e outros conceitos equivocados.
Trabalhei com o então Ministro Agnelo Queiroz, a quem prezo muito, por mais de 6 anos.
Tenho quase certeza quem foi o “xerife” que entrou na sala. Era normal este palavreado estarrecedor que o Ministro nada fizesse .
Como já disseram, não é a Ministra Martha que pode ou não destombar Brasília. Existe um Conselho que é soberano e independente. Apenas, acima deste conselho, a presidente do Brasil poderia fazê-lo, como aconteceu de forma nebulosa com o Plácio Monroe na Cilândia, Rio, pelo General Ernesto Geisel e outra igreja nas imediações da Presidente Vargas, pelo ditador que deu nome à avenida.
O que precisa ser observado é que Brasília não é o Distrito Federal. Não há que inflar o plano piloto. Existem áreas imensas que podem abrigar novos núcleos habitacionais.
A ligação do SHN com o SDN, não conheço o projeto, mas é factivel. Da mesma forma com Setor Sul.
Quem está no poder, esta de passagem, não recebeu poderes para tal. Quer contruir a seu gosto? Use a sua casa.
Pensa se alguem tem a ousadia de pensar em destombar Olinda, Ouro Preto?
Somente a indigência intelectual e cultural poderia despertar tal desejo.
Edmilson, obrigado pela participação. Nossas críticas não se dirigem a pessoas, políticos ou partidos, mas a posturas e ações de governo, vindas de quem for. Acreditamos que falta ao Sr. Agnelo mais informações sobre o que é o tombamento, o que a cidade que ele tem em mãos, pois muitas decisões têm sido tomadas em total afronta à preservação da cidade. No caso as minúcias dos procedimentos necessários para um “destombamento” ou a retirada do Título da Unesco (são duas coisas diferentes) não importam muito. O que importa, assusta e estarrece a todos é uma das figuras mais importantes do GDF ter esse tipo de mentalidade demonstrando que não entende a importância da cidade e do cargo que ocupa. Sugerir a retirada do título da Unesco como solução para que os projetos de governo sejam realizados sem ninguém dizendo não é algo leviano e irresponsável. Concordamos com você no sentido que o DF deve se desenvolver como um todo, e a pressão sobre a área tombada deve ser atenuada urgentemente. O restante do DF tem que ter qualidade de vida assim como há no Plano Piloto e há outras opções para a indústria da construção civil fora da área tombada.
No texto o projeto de ligação entre o SHN e o SDN foi citado por Carlos Magalhães somente para contextualizar o tema da reunião que ele estava participando. Esse projeto é factível sim, assim como seria ligando o SHS com o SDS.
Eu acho que vcs podiam soltar um artigo, ou uma série de artigos sobre o tombamento de Brasilia e o que ele impede de transformações na cidade. Além disso, uma campanha de conscientização junto a população, já que a presevação de Brasilia enquanto patrimonio cultural deve transcender o governo e ser uma questão cultural popular. Adianta botar um milhão de agentes da Agefis para fiscalizar a faixada dos prédios, se os moradores não querem as faixadas com os azulejos do Athos Bulcão?
Oi André, estamos fazendo esse trabalho na página do facebook (www.facebook.com/urbanistasporbrasilia) com bastante repercussão. É fundamental que a população do DF entenda o tombamento e a importância mundial de Brasília, tenha ORGULHO de ser um Patrimônio Mundial e se apodere dessa preservação como um bem de todos e não um assunto de governo. Esse lobby do “engessamento” tem que ser banido. O tombamento é algo muito sutil, não impede que a cidade evolua e seja aperfeiçoada. Por exemplo, a questão de alterações de fachadas não é objeto do tombamento de Plano Piloto. Exemplificando de maneira extremada, os prédios todos poderiam ser implodidos e reconstruídos, contanto que os novos respeitassem a configuração de uma Superquadra, ou seja, tivessem pilotis com no máximo 40% de ocupação, e seis pavimentos. A única exceção se dá na Unidade de Vizinhança (SQS 107, 108, 307 e 308) pois essa região recebeu um tombamento especial que preserva os edifícios em si (incluindo revestimentos de azulejos), urbanização e paisagismo.
Segue abaixo reprodução da carta do secretário-chefe da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, à jornalista Conceição Freitas, do Correio Braziliense.
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Brasília, 13 de março de 2013
Prezada jornalista Conceição Freitas,
Na edição de 13 de março, li em sua coluna duas conclusões que envolvem meu posicionamento: “1 — Ele não tem compromisso com o tombamento de Brasília como patrimônio da humanidade. 2 — A depender dele, o GDF vai à Justiça todas as vezes o Iphan embargar obras que considera necessárias”.
Ao contrário do descrito na coluna, afirmo de maneira clara, objetiva e sem rodeios que sou a favor e defendo o tombamento de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, e aposto no diálogo para resolver interpretações jurídicas distintas que tem o GDF com o Iphan quanto ao papel de cada um. Tenha certeza que se tivesse outro entendimento o exporia aqui com transparência e de maneira clara, condizente com meu perfil pessoal e profissional.
Considero que a conclusão equivocada que li na coluna desta quarta-feira é fruto de uma frase escrita por mim em uma rede social, que pode ter gerado esse tipo de interpretação. O meu comentário descrito na sua coluna sem o contexto próprio (o qual você certamente não conhecia) vem de uma reflexão sobre a atuação dos diferentes governos que passaram por aqui frente à preservação da cidade. Por isso, acredito que a preservação da cidade depende muito do compromisso de quem a governa.
Para efeito de contextualização, lembro que no ano passado comemoramos os 25 anos do tombamento de Brasília pela UNESCO. Nesses 25 anos, vimos algumas gestões deixarem nossa capital ser degradada de uma forma absurda, mesmo existindo o Iphan e já sendo a cidade tombada. Apesar dos diversos esforços e de vitórias parciais importantes para a nossa capital, não foi evitada uma grande agressão ao DF. Isso é inconcebível. Tenho a concepção de que um governo deve atuar com a premissa central de conservar e preservar a cidade independentemente do tombamento, da atuação do Iphan ou da UNESCO.
Esse é o contexto no qual fiz a tal afirmação. Isso não significa, em hipótese alguma, que sou contra o tombamento e a preservação de Brasília, tampouco que desmereço o papel institucional de cada um.
Preciso destacar que respeito o Iphan, com o qual mantenho boas relações há muitos anos, estabelecidas quando eu ainda estava no Governo Federal. Desde que cheguei ao GDF, há praticamente um ano, tenho dialogado de maneira franca e aberta com os dirigentes da instituição a fim de encontrar as soluções possíveis para promover as melhorias fundamentais e necessárias para o desenvolvimento da nossa capital.
Destaco, inclusive, que pela celebração dos 25 anos do tombamento, a partir de uma parceria da Casa Civil do DF com o Iphan, fizemos um riquíssimo debate intitulado A Proteção do Plano Piloto de Brasília no Contexto Metropolitano, com a presença de autoridades e especialistas nacionais e internacionais. Posso afirmar que a minha preocupação neste governo está justamente em torno desse tema, ou seja, de preservar as características que levaram a nossa cidade a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade e, ao mesmo tempo, atender os anseios da população, que sente os efeitos de uma metrópole que cresce vertiginosamente.
Não aposto na judicialização, mas reconheço que se faz necessário um amplo, fraterno e franco debate para que as polêmicas sejam resolvidas pelo entendimento e apenas em ultimo caso por esta via. Infelizmente, já houve necessidade de usá-la.
Se nesse debate há divergências de opiniões – como na interpretação que o GDF e o Iphan fazem sobre a legislação em vigor –, isso não altera nossa convicção sobre a importância do tombamento. Por isso mesmo, tenho defendido a elaboração conjunta de um documento jurídico que especifique a atuação de cada ente (uma espécie de convênio de cooperação) a fim de que possamos diminuir ou mesmo extinguir nossas dissensões. Nosso objetivo, ao contrário da sua conclusão, sempre será resolver os desacordos por meio do diálogo.
Atenciosamente,
Swedenberger Barbosa
Pegaria muito mal para a imagem de qualquer governante ou alguém ligado diretamente a ele assumir publicamente a falta de compromisso com a preservação do Patrimônio Cultural de Brasília. Na teoria todos são defensores,mas é na prática que a verdade aparece. A verdade é que o tombamento de Brasília incomoda porque obriga nossos governantes a serem menos medíocres e incompetentes do que aqueles que gerem cidades sem tal honraria.É muito mais fácil governar uma cidade em que projetos são feitos de qualquer maneira em que governantes e seus assessores inúteis não tenham que se debruçar e trabalhar em busca de soluções inteligentes para os desafios que se impõem. Se tal projeto foi mal planejado ou executado “e daí? é dinheiro do contribuinte mesmo” e assim surgem prédios para desabrigados que por terem sido mal construídos tem de ser demolidos antes mesmo de serem inaugurados. E na nossa realidade não é diferente: um prédio de 4 andares onde deveria haver no máximo um de 3.Comércio com puxadinho,esticadinho,todo tipo de inho pobre e medíocre! E em vez de buscar soluções inteligentes elabora-se um “Plano de Preservação” que na verdade põe em prática o que é lei para os descompromissados com a difícil arte de pensar: Regulariza-se o que está ilegal e e se concentram energia e tempo no que realmente interessa:as bolsas,as cuecas e as meias de nossas autoridades.
Olá David! É isso mesmo, disse tudo. Brasília não é uma cidade qualquer e seus gestores não deveriam ser gestores quaisquer. O problema tem sido esse.
” pilotis com no máximo 40% de ocupação, e seis pavimentos. “???
E por que, então o Iphan está embargando obras usando como argumento parâmetros como fechamento de varandas, ocupação dos subsolos, dentre outros que não constam no tombamento da cidade?
Olá Patrick. Com nossa explanação não procuramos esgotar quais são as características de uma Superquadra que devem ser preservadas. Questões volumétricas e de gabarito são levadas também em consideração. Não sabemos os motivos que estão levando o Iphan a embargar obras. Fechamento de varandas antes mesmo da obra estar entregue nos parece um abuso por parte das construtoras pois até então era algo que vinha ocorrendo em um contexto de pós-ocupação, a critério dos proprietários e entregar o edifício já com varandas fechadas implica em uma alteração volumétrica deliberada, mas é uma suposição não sabemos do que se trata. Eventuais abusos na ocupação de subsolos configuram erros de aprovação de projeto, e o Iphan pode questioná-los no âmbito da preservação da cidade e do respeito à legislação urbanística existente.
O fechamento de varandas é previsto em lei, tanto na pós-ocupação quanto na época da aprovação dos projetos. Falar que isso constituí-se num abuso das construtoras é um erro grave da sua parte. É, como havia dito em comentários anteriores, desconhecimento da legislação vigente e preconceito!
Repito: não compete ao Iphan análises que fogem à legislação do tombamento. Na medida em que o Iphan extrapola suas funções, ele comete erros técnicos grosseiros e engessa sim os projetos.
Se está previsto então pode e houve erro do Iphan. Simples. Ainda que seja uma aberração jurídica aprovar-se uma varanda com fechamento, pois dessa forma ela não é uma varada e sim o próprio compartimento que será expandido. Enfim, artimanhas. Mas que saibamos os embargos não foram somente por causa de varandas, mas principalmente por causa de coberturas que configuram sétimos pavimentos. De qualquer forma não estamos aqui para sermos a Procuradoria do Iphan, em que pese considerarmos sua máxima importância na proteção da cidade.
Outro absurdo é o Iphan interferir nos avanços de subsolos.
Além de previstos em lei, os subsolos não são alvo do tombamento.
Trata-se de mais um exemplo de abuso do Iphan.
Prezado Patrick, não temos vínculo com o Iphan, então não podemos falar pelo órgão. Repetimos que de qualquer forma as posições do Iphan costumam ser fundamentadas e quanto mais capacitado e equipado for esse órgão mais atuará de forma eficiente.
O tombamento foi uma grande conquista para Brasília. Mas acho válida e necessária a discussão democrática sobre os reais ganhos para a cidade e se há ainda benefícios palpáveis em ter o plano piloto tombado. Até porque cidades não tombadas também podem ter regras urbanísticas, não significa que será implantado o caos. Não é por acaso que Brasília é a única cidade moderna moderna tombada. É bastante óbvio que faz mais sentido tombar cidades mais antigas, pois elas já estão mais consolidadas. Uma cidade de apenas 53 anos ainda tem muito a crescer e se transformar e o tombamento pode ser um empecilho burocrático para algumas mudanças necessárias. O tombamento não pode servir de moeda política para um pequeno grupo de técnicos determinar os destinos de toda uma cidade. Por mais esdrúxula que seja a proposta de um governante, ele, teoricamente, representa de forma democrática os anseios da população que o elegeu. Lúcio Costa falou certa vez que “a realidade foi maior que o sonho” e que era necessário rever algumas soluções urbanísticas que foram adotadas. Como brasiliense, quero o melhor para minha cidade. Não sei se sou contra ou a favor do tombamento, mas sei que defendo a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram em Brasília acima de qualquer coisa. A impressão que passa é que o tombamento visa proteger muito mais o projeto urbanístico original do que efetivamente a qualidade de vida das pessoas que vivem na cidade. Proteger o projeto original muitas vezes significa sacrificar avanços importantes para a população e isso eu considero um retrocesso. Quando afirmam que, por exemplo, o projeto do VLT “tinha falhas graves” soa como apenas uma opinião dada por alguns técnicos. Certamente, há técnicos com a mesma formação do lado do governo que provavelmente discordam de tal análise. Enquanto essa “briga de técnicos” se prolonga, a população sofre sem ter os avanços que a cidade precisa. Gostaria que em vez de apontar falhas e apenas dizer o que pode ou não ser feito, o IPHAN apresentasse SOLUÇÕES factíveis para os problemas da cidade. Sim, há aberrações sendo propostas pelo governo, mas também há limites e engessamentos absolutamente desnecessários criados por um grupo de técnicos que toma decisões baseando-se exclusivamente em leis e normativas ultrapassadas, que não se aplicam no mundo real e que não atendem o objetivo final, que é a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Olá Rodrigo. Respeitamos seu ponto de vista. Nada nem ninguém agrada a todos. Repetimos mais uma vez: o tombamento não é o responsável pelas mazelas da cidade, antes de tudo temos DÉCADAS de má gestão. Outro ponto a ser considerado: os limites conceituais colocados pelo tombamento são diretrizes de ocupação tanto quanto qualquer outra regra urbanística, no entanto são limites que protegem características muito importantes da cidade que estariam muito vulneráveis caso a área que hoje é tombada estivesse regulada somente pelas regras de mercado. Também é importante considerar que o tombamento de Brasília, conceitual que é, não impede aperfeiçoamentos na cidade, tal qual está sendo proposto pelo PPCUB. Infelizmente essa excelente oportunidade de corrigirem-se os rumos da cidade proporcionada pelo PPCUB está se perdendo em meio a pressa do governo em aprovar alterações que não são sequer conhecidas, muito menos foram discutidas. Brasília tem diversos aspectos que podem sim ser corrigidos e melhorados, e o tombamento jamais impediu isso. Quanto a quem decide os rumos da cidade, acreditamos que a população tem que estar esclarecida sobre o que é o tombamento, que tipo de tombamento é esse de Brasília, o que pode e o que não pode ser permitido na cidade, e só então discutir-se o que a população gostaria que fosse alterado, passando pelo crivo técnico de especialistas que é, sim, necessário. Não concordamos que o tombamento somente protege o projeto original e não a qualidade de vida de quem mora na cidade. Protege os dois, tanto que a disputa por morar no Plano Piloto continua ferrenha. Acreditamos que isso seja um grande sinal que a preservação das características cidade foi uma escolha acertada. O projeto do VLT era uma EXCRESCÊNCIA. Não podemos entrar em detalhes por questões éticas profissionais. Se tivesse sido implantado da forma precipitada como estavam pretendendo o trânsito na Avenida W3 Sul hoje estaria inviabilizado e com certeza estaria sendo discutida a desativação do VLT, não tenha dúvida disso. Concordamos que a cidade pode e precisa ser aperfeiçoada e esse é um trabalho que envolve a conscientização e esclarecimento de todos. Podemos discutir mais sobre isso se quiser por meio do mail urbanistasporbrasilia@gmail.com. Abs
2021 ainda está ferrenha a disputa para morar no Plano Piloto? mesmo com tantos imóveis colocados a venda? Ou Brasília está sendo abandonada?
Oi, Renato. A demanda por residências na área tombada é constante. O Setor Noroeste, área mais recente, continua em ocupação acelerada e com imóveis de alto valor.
já que aqui é a voz dos tombadistas, e minha voz provavelmente não será ouvida, ou publicada aqui, quero dizer que: bom tombamento para vocês, fiquem com seus predinhos caixa de sapato, suas ruas largas e péssimo transporte público, e aquela horrível comercial da asa sul…então o que eu quero dizer é que não quero passar toda a minha vida neste lugar, onde por decreto o novo e a mudança foram abolidos e escurraçados como leprosos. tive algumas baixas aqui, mas digo, hoje com com trinta anos, espero que até os 40 eu me veja longe deste lugar. e sejam felizes com o tombamento de vocês.
Tiago, todos tem direito de se manifestar mas dentro de razoabilidade e bom senso. Fazemos votos que você encontre uma cidade que atenda a todos os seus anseios. Abraços.
o comentário que eu falei, que o proprio governo e empresarios sabem que Brasilia será abandonada, por ser inviável, mas nao querem fazer alarde para não assustar os especuladores de imóveis, pois quem pagar 1 milhão ou mais em qualquer coisa aqui vai perder. E isso já está acontencendo, muita gente que ganhou apartamento de graça do governo, funcional, já esta ponde a venda para ir embora daqui, há muito apartamentos vazios na asa norte e sul. a coisa toda ja começou. E quando o Banco do Brasil transferiu muitos dos seus funcionários para SP, criou-se um rebuliço por causa do correio brasiliense e da camerca do comercio, pois era, como se ouve por aí: evasão de divisas. esta cidade não sobrevivera se perder 1/3 dos seus burocratas.